domingo, junho 18, 2006

Artista usa erotismo para falar de ciência em Tambaú

RENATO FÉLIX
(Jornal da Paraíba)

Arte, erotismo e ciência estão juntas na exposição que inaugura o espaço de exposições do Hotel Tambaú, hoje, às 20 horas. Mosaicus, de Reginaldo Marinho, parte de imagens eróticas (ou "lembranças de imagens eróticas", como ele diz) para compor outras imagens, através da repetição e montagem. São 18 painéis que seguem essa técnica de trabalho.

A maioria das fotos originais foi tirada por ele mesmo. Depois, ele as retrabalhou em programas de computação para manipulação de fotos e design gráfico. Através de espelhamentos, reproduções e oposições, construiu os mosaicos que estão nos painéis expostos.

Há dois elementos importantes a considerar em Mosaicus. Primeiro, é inspirado em culturas milenares, principalmente do sudeste asiático. "O mundo inteiro, em várias culturas, cultuaram o erotismo", conta o artista plástico. "Mas isso se observa com mais nitidez na cultura khmer, no Camboja". Ele lembra que nos templos daquela região é comum encontrar esculturas de personagens com os órgãos genitais à mostra. "Mas a cultura ocidental trata isso como obsceno", diz.

Por isso, o uso de imagens sexuais mais ou menos nítidas como base para a construção dos mosaicos. "As microimagens formam um objeto que não está referido ao objeto original", explica.
O segundo ponto de destaque em Mosaicus é a relação que a exposição possui com o trabalho científico de Reginaldo Marinho. Ele desenvolveu, resumidamente, um sistema construtivo à base de módulos - de modo que não seria necessário colunas ou aço para levantar um ginásio, por exemplo. A pesquisa já foi premiada duas vezes em salões internacionais de novas tecnologias (em Genebra e em Londres). "A exposição é irmã do projeto tecnológico", afirma.

A relação entre os dois campos na vida de Reginaldo Marinho não é de hoje. "Eu sempre fui artista e sempre fui cientista", diz. "Sou uma espécie de renascentista pós-moderno". A utilização de pequenas partes para construir um todo impensável a princípio é o que mais aproxima, à primeira vista, esses dois trabalhos específicos.

A exposição também marca a inauguração de um novo espaço de artes em João Pessoa. Faz parte de um projeto da rede Tropical de hotéis, chamado "Raízes". A unidade de João Pessoa é a primeira a abrir espaço para as artes, o que deve ser seguido pelos demais hotéis da rede.